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O que é Teologia Sistemática?

A Teologia Sistemática é uma disciplina teológica que busca organizar, de maneira lógica e inter-relacionada, as doutrinas fundamentais da fé cristã. Esta abordagem integra a revelação bíblica com insights históricos, filosóficos e culturais, oferecendo uma visão abrangente e coesa sobre Deus, o mundo, a salvação e a humanidade. Segundo Augustus Hopkins Strong, a disciplina tem como foco o estudo e a sistematização das verdades da fé, promovendo um entendimento profundo da teologia como ciência e prática cristã (STRONG, 2003, v. 1).

A relevância da Teologia Sistemática transcende o campo acadêmico. Ela é fundamental para a formação doutrinária dos cristãos, impactando a pregação, a prática e a vivência da fé em comunidades eclesiásticas.

1. Definição

A Teologia Sistemática é definida como o estudo que organiza as verdades bíblicas em um sistema coerente, utilizando as Escrituras como fonte primária e incorporando elementos da tradição, razão e experiência cristã. Wayne Grudem destaca que essa disciplina busca responder questões fundamentais, como: “Quem é Deus?”, “O que é salvação?” e “Qual é o propósito do homem?” (GRUDEM, 1999).

Strong complementa que a Teologia Sistemática engloba tanto a reflexão acadêmica quanto a aplicação prática, abordando temas como a existência de Deus, os atributos divinos, a Trindade, a natureza humana e a redenção (STRONG, 2003, v. 1).

2. Contexto Histórico

A Teologia Sistemática ganhou relevância nos séculos iniciais do cristianismo, especialmente durante os concílios ecumênicos, que definiram doutrinas essenciais como a Trindade e a natureza de Cristo.


Representação artística do Concílio de Nicéia, marco na formulação de doutrinas cristãs. Fonte: Wikimedia Commons.

No entanto, sua sistematização moderna é atribuída aos teólogos reformados do século XVI, como João Calvino, cujo trabalho nas Institutas da Religião Cristã organizou a fé cristã em categorias teológicas claras (CALVINO, 2009).


João Calvino, importante teólogo reformado, autor das Institutas da Religião Cristã. Fonte: Wikimedia Commons.


Capa da obra “As Institutas da Religião Cristã” de João Calvino. Fonte: Wikimedia Commons.

No período contemporâneo, teólogos como Norman Geisler e Alister McGrath integraram perspectivas filosóficas e culturais, ampliando o escopo da Teologia Sistemática para dialogar com questões modernas (MCGRATH, 2005).

3. Características Principais

3.1. Fontes

A Teologia Sistemática utiliza as Escrituras como base principal, mas também considera a razão, a tradição histórica e a experiência religiosa. Strong argumenta que essas fontes permitem um entendimento mais rico e profundo da revelação divina (STRONG, 2003, v. 1).

3.2. Divisões Temáticas

Ela se organiza em áreas específicas, como:

  • Teontologia: Estudo de Deus e seus atributos.
  • Cristologia: A pessoa e a obra de Cristo.
  • Pneumatologia: O Espírito Santo e suas obras.
  • Antropologia Teológica: Doutrina do homem, sua criação, natureza, estado original e condição após a Queda.
  • Hamartiologia: Doutrina do pecado, sua origem, natureza e efeitos.
  • Soteriologia: Doutrina da salvação, incluindo eleição, justificação, santificação, regeneração e glorificação.
  • Eclesiologia: Doutrina da igreja, sua natureza, governo e ordenanças.
  • Escatologia: Doutrina das últimas coisas, como o juízo final e o estado eterno.
  • Bibliologia: Estudo da inspiração, inerrância e autoridade das Escrituras.
  • Angelologia: Doutrina dos anjos, incluindo a queda e a função deles (STRONG, 2003, v. 1; GRUDEM, 1999; MCGRATH, 2005).

3.3. Metodologia

A metodologia da Teologia Sistemática é descrita como um processo ordenado que integra várias etapas. Segundo Strong, este processo inclui:

  1. Coleta de Dados Bíblicos: A Bíblia é examinada para identificar os ensinamentos fundamentais sobre cada tema teológico (STRONG, 2003, v. 1).
  2. Análise Crítica: Os dados são analisados à luz da história, filosofia e tradição cristã (STRONG, 2003, v. 1).
  3. Síntese Lógica: As informações são organizadas em um sistema coerente, interligando as doutrinas em uma abordagem prática (STRONG, 2003, v. 1).

4. Relevância Contemporânea

A Teologia Sistemática permanece vital no contexto atual por várias razões:

  1. Defesa da Fé: Ajuda a articular respostas a objeções levantadas por céticos e críticos, como aponta McGrath em sua análise sobre a relação entre fé e razão (MCGRATH, 2005).
  2. Formação Doutrinária: Guia a igreja na formulação de crenças coerentes e bíblicas.
  3. Impacto Cultural: Oferece uma visão cristã sobre questões éticas e sociais contemporâneas, como o papel da religião em um mundo pluralista (MCGRATH, 2005; STRONG, 2003, v. 1).

Referências

  • CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Tradução de Valter G. Borges. São Paulo: Editora Unesp, 2009. 2 v.
  • GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. Tradução de Josaías Jr. São Paulo: Vida Nova, 1999.
  • MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma Introdução à Teologia Cristã. Tradução de Marisa Lopes. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
  • STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. Tradução de Augusto Victorino. São Paulo: Hagnos, 2003. 2 v.
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